13 de fevereiro de 2010

inocência.

e aquela noite foi a escolhida. a estrela resolve se atirar entre as lãs enfeitadas pelo brilho da lua, rasgando suavemente a imensidão azul marinha. e o pequeno embrulho aninhado em seus inocentes pensamentos, mergulhado em sonhos, tem seu singelo desejo realizado. e mais tarde, logo após seu último bocejo, o sol se alonga, invadindo as frestas da janela entreaberta. a criança abre lentamente seus olhos, acompanhados por um sorriso encantado. lembrou-se, de repente, que esquecera de chorar.

texto e foto por: Lorena Caldas

2 de fevereiro de 2010

casulo.

e como num passe de mágica, aquela que ontem vestia sua boneca de pano e se divertia com o cereal do café da manhã, hoje revela seu espelho virado. a boneca, agora se transformou em um palpitante coração aquecido em seus braços, confortantes, confortáveis; e o cereal que fortalecia as manhãs de aprendizado de seu outro eu, aguarda na dispensa pelos novos lábios, ainda não amadurecidos o bastante para provar o doce gostinho da infância. e a lagarta ganha longas asas, coloridas pelos pincéis do arco-iris. sua nova responsabilidade se torna parte indispensável de sua almejada liberdade. e a borboleta caloura se diverte navegando levemente pela imensidão de sua recente realidade.

texto por: Lorena Caldas

1 de fevereiro de 2010

cortina.

e num súbito espaço de tempo, ela se descobre no mar de falsas realidades que é o lado de fora. desejou, por um breve soluço, não ter aberto a janela, não ter reparado o tom azul do céu, nem a textura dos pedaços de algodão que o enfeitavam. com os olhos aguçados escutou cada cheiro que invadia seu quarto, brutalmente, sem se importar em pedir licença. e quando a serenidade do momento invadiu completamente o ambiente, ela abriu um sorriso liso, por puro instinto, e deixou os olhos irem fechando até mergulhar completamente, sem se afogar.



texto e foto por: Lorena Caldas